Arena Bela Vista: Um GOL do Bixiga!

Para participar é só chegar! As atividades acontecem de segunda a sexta, a partir das 18 horas. A inscrição é totalmente livre e gratuita.

O chute inicial 

A ideia do projeto foi de Gilson, ex-jogador profissional, que pensou em ocupar o espaço do baixio do viaduto com as crianças após uma ação da prefeitura que retirou várias pessoas que estavam morando local. Para esta empreitada ele chamou o amigo Antônio Carlos para entrar nessa jogada.

Dias antes Antônio havia levado seu filho Lucas para fazer um teste numa escolinha de futebol. O garoto passou na peneira, mas ele não tinha dinheiro para pagar as taxas. “Pai, então eu não vou mais jogar futebol?”, perguntou seu filho Lucas, que ouviu de Antônio “vai, sim, filho, o pai vai dar um jeito”. Quando Gilson chegou com a proposta de treinar as crianças naquele espaço, ele topou na hora, pois esta seria a oportunidade de treinar não somente seu filho, mas muitas outras crianças da Bela Vista que ele sabe que não teriam condições alguma de pagar por uma escola.

Antônio Carlos e Gilson pegaram a bola, entraram em campo e começaram a ocupar o baixio do viaduto Júlio de Mesquita Filho, também conhecido como cicatriz do Bixiga, por ter dividido o bairro na década de 70 para a construção da ligação Leste-Oeste. Aos poucos as crianças foram aparecendo e eles foram conseguindo doação de mais bolas, de tapetes sintéticos e iluminação. Conforme a Arena foi melhorando, o preconceito com o espaço foi diminuindo e a confiança dos pais em deixar seus filhos frequentar o local foi aumentando.

Antônio diz que 70% das crianças melhoraram o comportamento depois que passaram a frequentar a Arena Bela Vista. “Era muito palavrão, intriga, briga, brincadeira de tapa, mas eles viram que aqui tem regras e, principalmente, que ali eles são uma família”, diz Antônio Carlos que já fez até uma parceria com as escolas Celso Leite e Saraiva. Os diretores e professores da escola e da Arena frequentemente conversam sobre os alunos. Assim, quando alguma criança apresenta problemas, ela vai para o banco de reservas. Após uma conversa, ela vai ao treino apenas para assistir e não joga até melhorar a nota ou o seu comportamento. “Eles precisam entender que precisam melhorar”, diz ele. É um cartão amarelo, mas acompanhando de assistência. Se o problema for as notas, eles encontram alguém que ofereça reforço escolar, e para quaisquer outros problemas sempre se busca uma solução.

Apesar da Bela Vista ser o bairro com a maior densidade populacional da capital, com aproximadamente 10 mil crianças e jovens, os espaços para prática de atividades são praticamente inexistentes. Com isso os menores ficam nas ruas, crescem na ociosidade e se tornam alvos fáceis para o caminho das drogas e da criminalidade. A Arena Bela Vista entra em campo para virar esse jogo.

Antônio Carlos e Gilson são os fundadores desse projeto. Professor Uilson ensina técnicas e as práticas esportivas. Raphael e Erik ajudam nos ensinamentos de futebol, de vida e educação dos nossos futuros campeões. “A Bela Vista não tinha nada quando eu era pequeno, nenhum espaço. Se eu quisesse praticar um esporte eu tinha que ir até o Ibirapuera e minha mãe já ficava de cabelo em pé, porque era longe. Agora é muito gratificante participar de um projeto desse”, diz Raphael, que é nascido e sempre morou no Bixiga. “Esses dias as mães estavam correndo em volta da Arena, praticando esporte enquanto esperavam os filhos. A transformação está chegando também nos pais”, completa ele.

Antônio Carlos é hoje o homem de frente deste projeto, mas ele diz que isso tudo só é possível graças à sua esposa Janaina, a grande goleira dessa seleção. Ela lhe dá todo apoio emocional para tocar o projeto e é também quem tem segurado as pontas em casa financeiramente. Lembram do Lucas, filho do Antônio e da Janaina, que falamos no começo da matéria e motivou tudo isso? Pois é, ele não tinha onde treinar e agora, depois de todo esse tempo treinando na Arena Bela Vista, entrou para a categoria de base do Corinthians. Enquanto Janaina faz as defesas nas finanças da família, Antônio acompanha os passos do pequeno craque.

“Aqui na Bela Vista o Lucas nunca teve espaço para brincar, jogar bola, tinha que brincar na rua da minha casa, rua estreita que passa carro toda hora”, lembra Janaína. “Ele se desenvolveu muito depois que passou a ter contato com outras crianças. Acorda cedo, é dedicado, embora seja muito puxado, mas isso tudo é bom porque dá conhecimento para ele. Se ele quer algo vai ter que lutar.”, comemora ela, orgulhosa do marido e do filho.

Arena Bela Vista na final! 

Os meninos do projeto social Arena Bela Vista estão na final do Circuito Paulista de Society 2018, promovido pela SPS Eventos Esportivos, em 3 categorias: Sub8, Sub10 e Sub12. Esse é o resultado de um trabalho vitorioso. Antônio diz que os times da Arena chegaram à final sem nenhum cartão amarelo e que eles sempre recebem os parabéns pela educação das crianças. “Não falam palavrão, não batem e não discutem. Se sofrem uma falta entendem que é lance normal e seguem o jogo”, diz Antônio, que espera ganhar título com pelo menos uma das categorias.

Devido aos resultados positivos e tantas adesões de novas crianças, a Arena Bela Vista precisa crescer e melhorar sua infraestrutura. São apenas 7 bolas para todos e os professores precisam fazer mágica durante os treinos.

A Arena chegou e já mostrou sua ação transformadora para a comunidade. Agora eles lançam a primeira campanha de captação de verba para melhoria da iluminação, compra de material esportivo, mão de obra e taxas para a regularização da ONG. O projeto precisa de 7 mil reais e agora é a hora da comunidade colaborar e patrocinar esses atletas.

Acesse aqui o link da campanha e participe: http://juntos.com.vc/pt/arenabelavista 

Outra grande necessidade da Arena é água, já que o baixio do Julio de Mesquita Filho não possui bebedouros. As crianças ali também treinam sem nenhum lanche, então caso algum comerciante queira ajudar com alimentação, frutas, pães, bolos é só entram em contato com o Antônio no telefone: 11 96694-0237.

Faça parte dessa ação você também.

A Arena Bela Vista nasceu com a visão de ser um centro esportivo e cultural. Hoje já existe uma parceria com a Bateria 013, projeto que também funciona no local e ensina todos os instrumentos de uma bateria de escola de samba para quem quiser aprender. Mas há também novas propostas surgindo para que se ensine capoeira, basquete, além de um espaço para reforço escolar, entre outras coisas. A Arena já provou sua eficiência e até o poder público entrou na jogada. Através de um morador o projeto chegou ao gabinete do vereador Isac Felix que, juntamente com os pré-candidatos a deputado João Mota (estadual) e Antônio Carlos Rodrigues (federal), solicitaram uma emenda para o nivelamento do piso da Arena, verba que já está em vias de liberação.

“Peço que a comunidade venha conhecer o projeto, tirar um pouco do preconceito do viaduto, que tem morador de rua, que já foi milhares de coisas. Hoje o viaduto é um projeto social para crianças muito importante para a formação da cidadania, que é o mais importante. A gente não quer fazer jogador de futebol, vão ser poucos que vão conseguir, mas queremos fazer cidadãos de bem e a comunidade precisa conhecer o projeto antes de ter preconceito ou criticar. Venha aqui, veja o que a gente faz!”

O campeonato é longo, mas jogo a jogo a Arena Bela Vista vai somando pontos e transformando a vida dessas crianças. E nós, enquanto comunidade, precisamos vestir a camisa 13 dessa seleção e não somente torcer, mas também participar.

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